Dá-me outra vez o brilho dos meus olhos que me tomaste. A luz dos meus dias, da minha pele, da minha cama, esta luz que agora segue por outros destinos, ainda que breus. Fecha teus olhos e repara com teu rosto como a brisa é leve, te aconchega como a pele do meu colo que te envolve, te nutre e te guarda, num emaranhado de ternura e lembranças de outros dias gentis. Minhas mãos ainda pousam neste vale de penumbras, e faço melodia do barulho deste vento que invade a janela.
Dá-me novamente a luz que levaste contigo. Esta luz que iluminava todas as vielas do meu corpo, que inspirava meus abraços, meus sentidos, dava força às minhas palavras, meus versos, meus passos e meu rumo. Dá-me outra vez, para que eu possa alojar a cabeça em teu peito sem ter medo do escuro das noites. Devolva-me, porque o tempo é testemunha deste roubo, e quando esta luz que é tua acaba, meus dias acabam junto com ela. E sem minha luz, escura também fica tua vida.
Dá-me, por favor, tua luz outra vez. Que os dias sem ela são breus. E que se for para viver de escuros, prefiro então cegar-me os olhos.
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