O trovador viajante

Levava consigo a mala cheia de livros, de feira em feira. Aquela tinha sido sua vida durante seus últimos 30 anos. Jogava-os todos no chão, amontoados, e apregoava histórias encantadoras, romances sutis e aventuras deleitosas, fazendo despertar nos ouvintes uma emoção diferente ao virar de cada página. Aproximou-se do velho uma menina de tranças douradas, admirada com tamanha sabedoria. Calculava mentalmente quantos livros o velho deveria ter lido ao longo da vida, e perdia-se em números a cada tentativa. Tímida, ela pergunta ao trovador viajante se ele poderia indicar-lhe uma história. Ela queria algo cativante, arrebatador, que lhe enchesse os olhos de alegria. O velho disse-lhe, baixinho: A senhorita gostaria de uma história? Lhe contarei uma agora: eu não sei ler nenhum destes livros.