Recebi hoje uma caixinha de bombom da minha consulente mais antiga. Uma senhora aposentada, com uma história de vida linda, de força e luta, e que resolveu dedicar seus trocados contados a comprar uma singela caixinha de bombom. Na academia a gente aprende que não podemos aceitar nenhum tipo de presente de paciente. Eu aceitei. Aceitei porque ainda acredito na força da gentileza e no poder transformador do afeto. Nós duas não somos as mesmas depois desse processo terapêutico. Fomos ambas afetadas pelo encontro, crescemos juntas, ela como pessoa, eu como profissional. Queria eu poder ter dado uma caixa de bombom pra ela como forma de gratidão. Não tinha uma comigo. Dei a ela então o meu abraço, a minha disponibilidade. No final das contas é isso que vale a pena: o afeto contido nos atos. Sem ele, todo resto é balela, presente sem valor, teoria oca.
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